moralha
VERGILIO LOPES
Uma busca pelo fluxo interno e externo de habitar-se.
OBSERVAÇÃO| INFILTRAÇÃO| PERTENCIMENTO
As vezes quando as portas sussurram em dias de chuva é possível sentir o fluxo constante da alma se aconchegando no corpo. É só mais uma forma de morar. As vezes na rua com os movimentos bruscos ou em abraços calorosos, é possível sentir a alma desprender e habitar por segundos outros corpos e outras vidas.
Aqui a casa é o corpo, intacto ou em desfragmentação, com imperfeições únicas e belezas que só o tempo pode trazer. Há deslocamento na alma, que se desprende e olha pra si, por ângulos que revelam o que não lembramos mais.
Fala do eu que fica ali intimamente exposto, convidativo, olhando na ida e na volta.
Aqui a casa é corpo sem raízes ou alicerces, se movimenta, canta rangidos quando as portas se abrem.
OBSERVAÇÃO
Quando a casa protege, acolhe e é nossa! Não há invasão e as marcas são apenas histórias. Aqui toma-se posse novamente da casa corpo e com carinho ganha-se pertencimento de si. Tira-se os amores do armário e coloca-os nas paredes. Os cômodos ganham sentido e conversam, revelam a beleza de ser quem se é. Os móveis já foram de outros e as flores representam a vida. Aqui adorna-se os objetos e a ancestralidade confronta o futuro. Com carinho, com ousadia e curiosidade é tempo de habitar o próprio existir.
PERTENCIMENTO
INFILTRAÇÃO
Nem sempre a porta está aberta e é necessário Invadir pelos cantos mais improváveis do inconsciente, para encontrar respostas ou ou simplesmente tomar café. É um processo íntimo que olhamos internamente as muralhas que nos barram ou nos protegem. Infiltração que marca o passado, o presente e o futuro, que merece conserto, aceitação, orgulho de ser. Aqui busca-se equilíbrio. Um dos olhos observa o lado de fora e outro o lado de dentro, nunca fixam eternamente na realidade, buscam na subjetividade afago pra existir em paz.